Em setembro de 1987, num
discurso em Aracaju, o deputado federal Luiz Inácio Lula da Silva, fundador e
dono do PT, juntou no mesmo balaio da gatunagem o então presidente José Sarney
e os ex-governadores paulistas Adhemar de Barros e Paulo Maluf. Trecho:
“E a Nova República é pior
do que a velha, porque antigamente na Velha República era o militar que vinha
na televisão e falava, e hoje o militar não precisa mais falar porque o Sarney
fala pelos militares ou os militares falam pelo Sarney. Nós sabemos que antigamente
─ os mais jovens não conhecem ─, mas antigamente se dizia que o Ademar de
Barros era ladrão, que o Maluf era ladrão; pois bem: Ademar de Barros e Maluf
poderiam ser ladrão, mas eles são trombadinhas perto do grande ladrão que é o
governante da nova República, perto dos assaltos que se faz”.
Nesta segunda-feira, Lula
levou Fernando Haddad à mansão de Maluf para a pajelança que celebrou a troca
de alianças entre o PT e o PP controlado pelo homem que considerava um ícone da
ladroagem. “Não há contradição”, gaguejou Haddad. “A cidade de São Paulo deve
ficar acima de possíveis divergências ideológicas entre as duas siglas”.
Feliz com os salamaleques
dos visitantes, o anfitrião fez de conta que também achou muito natural a
barganha que juntou o “homem novo” (segundo o Lula de 2012) e o velho inimigo
que o Lula de 1987 chamava de ladrão. “Não adianta olhar pelo retrovisor”,
ensinou Maluf. “Temos que olhar para o para-brisa”. Previsivelmente, Lula não
quis fazer declarações. Ordem médica, alegou. Conversa fiada. Ele não tem o que
dizer. Falaram por ele os sorrisos e o aperto de mãos que trocou com o dono da
casa que visitou pela primeira vez.
De 1987 para cá, Maluf
incorporou ao prontuário façanhas tão extraordinárias que acabou entrando no
ranking dos mais procurados pela Interpol. Como o encontro revogou oficialmente
a discurseira do passado, o ex-presidente perdeu uma boa chance de redimir-se
por inteiro dos pecados de Aracaju. José Sarney merecia ser padrinho do
casamento obsceno. Ao lado de Maluf, hoje é ele quem parece trombadinha.
Fonte: www.veja.abril.com.br
Fonte: www.veja.abril.com.br
(...)
2 comentários:
Quem faz amizades por interesse, por interesse a amizade se acaba.
O interesseiro é abominável. Assim como faz amizades por interesse, faz inimizades também pelo mesmo motivo.
Devemos analisar as aproximações, pois os interesseiros ou oportunistas
são dissimulados. São sonsos e esse comportamento mascarado é visto como uma pessoa discreta.
No caso Lula-Maluf, os dois se conhecem muito bem, mas a encenação é para os eleitores em potenciais.
Políticos são atores talentosos.
Esse episódio lembra Josivam-Larissa aqui em Mossoró. Mera coincidência?
Gilmar
Mera coincidência ou de "CARÁTER" politiqueiro?
Josivan-Larissa (Moçoró)
Oportunistas ou interesseiros são abomináveis: assim como fazem amizades, fazem também inimizades pelo mesmo motivo.
Firme é apenas o interesse, o objetivo - poder -, por isso seu posicionamento é sempre volátil devido às circunstâncias cronotópicas (ligação intrínseca de relações discursivas espaciais e temporais representadas pelos interlocutores)
Gilmar Henrique
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