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segunda-feira, 21 de maio de 2012

A República dos meus sonhos

Alguns setores apostaram em suas utopias, outros, mais pragmáticos, agiram movidos por interesses bem objetivos, apenas emoldurados por um discurso.

Em artigo publicado na imprensa, Mendes Fradique, um humorista muito popular nos anos 20, brincava com a tradição pessimista brasileira de considerar que o país estava sempre à beira do abismo. Segundo ele, esse diagnóstico levou a várias tentativas de mudança, das quais as mais profundas se relacionaram com a troca de regime: de colônia para monarquia independente e de monarquia para República. No entanto, a República, que durante o Império foi tida como a solução para os problemas do país, depois de proclamada provocou a frase de um dos seus mais antigos defensores, Saldanha Marinho: “Essa não é a República dos meus sonhos”. 

De fato, por trás da mudança pela qual se empenharam os mais idealistas, agitavam-se os mesmos velhos interesses do grande capital fundiário e exportador de café. Era a economia que ditava a mudança. E os ideais de civis e militares foram o combustível para que o movimento deslanchasse em 15 de novembro de 1889. 

Outro ideal quase sempre associado ao sonho republicano, a federação, também se realizou com a proclamação da República. No entanto, um de seus maiores defensores, Rui Barbosa, poderia imitar Saldanha Marinho, dizendo: “Este não é federalismo dos meus sonhos”. Pois o sistema que, rompendo a tradição centralista da monarquia, deveria ser fator de progresso para as províncias, propiciou o abandono das regiões pobres do país ao poder discrionário de coronéis.

Fonte: Drª Isabel Lustosa é doutora em ciência política pelo Iuperj e pesquisadora da Fundação Casa de Rui Barbosa.

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