José
de Sousa Saramago (Nasceu em Golegã, Azinhaga em 16 de Novembro de 1922 , Portugal - Faleceu em Tías,
Lanzarote um arquipélago das Canárias em 18 de Junho de 2010, Espanha) foi um
escritor, argumentista, teatrólogo, ensaísta, jornalista, dramaturgo, contista,
romancista e poeta português.
Foi
galardoado com o Nobel de Literatura de 1998, o único Prêmio Nobel da língua
portuguesa até o momento. Também ganhou em 1995, o Prémio Camões, o mais
importante prémio literário da língua portuguesa. José Saramago foi e é considerado
o responsável pelo efetivo reconhecimento internacional da prosa em língua
portuguesa ao mundo da literatura.
Vale
a pena mencionarmos aqui o livro “Ensaio sobre a Lucidez” onde ocorre a
seguinte cena:
“Num país indeterminado decorre, com toda a normalidade,
um processo eleitoral. No final do dia, contados os votos, verifica-se que na
capital cerca de 70% dos eleitores votaram branco. Repetidas as eleições no
domingo seguinte, o número de votos brancos ultrapassa os 80%.”
Uma das piores hipóteses para cada sistema que se diz
democrático, a rejeição total de todas as propostas eleitorais, é ponto da
partida para uma especulação sobre o sistema político, o seu caráter
democrático ou antidemocratico, a cegueira do povo - ou a sua repentina
lucidez. Uma esperança?
Esse "corte de energia cívica" que trata-se esta magnífica obra, pois ao
narrar as providências de governo, polícia e imprensa entenderemos as razões
desta tal "epidemia branca", o autor faz uma alegoria da fragilidade dos
rituais democráticos, da política e das instituições.
Na por parte do autor proposta a substituição da democracia por um sistema
alternativo, mas sim do seu permanente questionamento. É enebriante saborearmos as
distopias propostas pelo autor nesta obra de arte literária.
Na sua ficção o escritor português entrevê uma saída para esse impasse. E é a
potência simbólica da literatura - território em que reflexão, humor, arte e
política se confundem - que se revela capaz de vencer a mediocridade, a
ignorância e o medo.
O escritor luso buscou desenvolver uma crítica mordaz às
instituições governamentais: sob o véu da democracia, enxergava os vetores da natureza
autoritária - lúcido é, na verdade, quem os percebe.
Nascido
em uma região paupérrima em Portugal, José Saramago talvez tenha na vida o
melhor de todas as suas obras atemporais. Seria em Lisboa que o futuro Prêmio
Nobel da Literatura se tornaria "operário da escrita", como tradutor,
jornalista e romancista profissional.
Com uma linguagem solene e racional, o narrador assume a objetividade distante de um
relator oficial, José Saramago combinou a força da linguagem oral com recursos
estilísticos de traços barrocos.
(...)
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