Os fios de cabelo branco só querem dizer uma coisa: o Senador gaúcho Pedro Simon, 81, tem anos de estrada. Mas não se engane com a idade. Sua vitalidade ao defender a ética e a correção na política brasileira é tão feroz quanto ou ainda mais que a de um iniciante. Totalmente de acordo com a “faxina” que Dilma Rousseff vem fazendo em Brasília, o parlamentar recentemente, em discurso no Plenário, chegou a pedir apoio no Congresso para a presidente e organizou um “movimento” de suporte a chefe do poder Executivo. Além de Simon, alguns Senadores, como Cristovam Buarque, Pedro Taques, Eduardo Suplicy, Demóstenes Torres integram o grupo, que discursaram, a favor das ações de Dilma. “Vamos demonstrar ao Brasil o pensamento de uma grande maioria do Senado Federal em relação à hora que estamos vivendo. A tese é dar força à presidente da República para que ela faça um governo com integridade moral e ética. Vários parlamentares virão aqui dizer o seguinte: presidente, conte connosco”, assegurou Simon, em sessão.
No ano passado, na votação do projeto de lei da Ficha Limpa, o senador gaúcho foi um dos que mais pressionou a favor da aprovação. Desde de que foi eleito deputado estadual pela primeira vez em 1962, ele pauta sua trajetória política em defesa desses dois pilares: ética e correção. “O Brasil hoje vive uma democracia plena, mas do ponto de vista da ética, estamos longe do ideal. Reconheço que a presidenta Dilma está agindo bem, determinada contra a corrupção, diferente de seus antecessores”, comenta ele. Logo após o primeiro mandato, ele foi reeleito três vezes consecutivas. Sua trajetória no Senado teve início em 1979, já pelo seu atual partido, o PMDB. Tendo caminhado por quase todas as esferas da política, Simon tem liberdade para julgar o que quiser; ganhou esse aval com o tempo. Ele já foi ministro da Agricultura do governo de José Sarney, em 1985, e em seguida governador do Rio Grande do Sul até 1990. De volta a Brasília, em 1992, ele coordenou a CPI de impeachment do então presidente Fernando Collor de Mello.
Mesmo com tantos anos na política, o Srº Pedro Simon ainda consegue enxergar o cenário brasileiro com otimismo. Mas temperado com um pouco de ceticismo saudável, como ele mesmo classifica. “Hoje, olhando em volta, com a impunidade como regra, acho que a classe política não progrediu muito. Apesar de reconhecer os esforços da presidenta contra a corrupção”, analisa o Senador. Segundo o parlamentar, suas ideologias, o otimismo e as boas ideias são baseadas nos ideais do intelectual, político e doutrinador trabalhista, Alberto Pasqualini (1901-1960). Simon é organizador das obras desse pensador brasileiro e um dos seus seguidores. Pasqualini foi político na década de 30 e 40 e mais tarde sua doutrina influenciou bastante os projetos da área social do governo João Goulart (1961-1964). É considerado um grande ideólogo do trabalhismo brasileiro. “Ele foi um intelectual infelizmente pouco conhecido, defensor de um sistema baseado na solidariedade entre os homens, distante, ao mesmo tempo, tanto da exploração capitalista e da falta de liberdade do socialismo”, ensina Simon.
Para um político que participou ativamente da luta contra a ditadura, ajudando a coordenar o movimento das Diretas Já e a luta pela anistia, deve ser conflituoso conviver em uma época política onde não há idealismo e sim uma luta por interesses específicos e quase pessoais. Pelo que parece, a ideia de nação está se esvaindo aos poucos na política brasileira. É claro que ainda existe um grupo que não pensa assim, senão esse espaço do Política do Bem não existiria. E cabe também a sociedade exercer seu papel: cobrar, conhecer, estimular, multiplicar.
Pedro Simon hoje vive um adeus anunciado. O senador afirma que pretende se aposentar ao final desse mandato, quando estará com 85 anos, após uma vida dedicada à política.
Quem quiser acompanhar as atividades do senador Pedro Simon, seguem os endereços:
Twitter: @simonimprensa
Contato: imprensa.pedrosimon@senado.gov.br
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