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terça-feira, 27 de setembro de 2011

Leitura


ESCREVER OBRAS DE QUALIDADE OU ESCREVER O QUE O POVÃO QUER LER? EIS O DILEMA DOS ESCRITORES ASPIRANTES A BEST-SELLERS.

É cada vez mais notória a enorme lista de livros que se tornam populares rapidamente. São verdadeiros fenômenos literários que caem na graça do povo em questão de semanas, às vezes; dias. Mas uma questão que levantamos agora é a qualidade desse material. Será que os leitores estão menos exigentes ou os escritores que perderam a qualidade? Será que o mundo hodierno, estigmatizado pelo consumismo e imediatismo fez com que os leitores se tornassem meros consumidores das letras? Nesse contexto, temos uma dúvida cruel para quem deseja se tornar um escritor: escrever obras de qualidade e bem elaboradas ou escrever o que o povão gosta de ler?

É certo que não podemos responder com total convicção as indagações feitas no paragrafo anterior, mas podemos levantar algumas hipóteses na tentativa de tentar entender o gosto do leitor dito contemporâneo.

Não é de hoje que os temas como mortos-vivos, zumbis ou vampiros protagonizam os enredos das obras tidas como literárias. Escritores consagrados já faziam uso dessa fórmula e a impressão que temos é que o público parece demonstrar bastante satisfação com os livros que abordam romances entre seres desse planeta e vampiros, só para citar um exemplo.

Muitos críticos literários não parecem demonstrar muita afeição para com os novos nomes que vêm surgindo na literatura mundial. Essa nova leva de escritores são verdadeiros vendedores de histórias (mega) extraordinárias, que na maioria das vezes, apenas reescrevem o que muitos gigantes das letras como Edgar Allan Poe, Bram Stoker (Drácula) ou até mesmo Robert Louis Stevenson (mesmo esse nunca tendo deixando claro que seu personagem se transformava em alguma criatura fantasmagórica em o médico e o monstro) já fizeram.

Temos a tendência fatalista de bombardearmos gente como Paulo Coelho por escrever sobre o óbvio, uma literatura considerada por muito como “descartável”. Mas qual literatura não seria descartável, já que ao termino da leitura, por muitas vezes, nos damos por insatisfeitos e discordarmos, em algum momento, do final de um personagem ou uma ação que teríamos escrito diferente, se tivéssemos a oportunidade?

Se pegarmos a escritora Agatha Christie como exemplo, perceberemos que essa inglesa fez uso de histórias repetidas para conquistar todo o seu merecido sucesso literário. Christie escrevia enredos bem elaborados com coincidências, pistas falsas e observações minuciosas sobre as fraquezas humanas, mas mesmo assim foi bombardeada por autores de ficção por “repetir frequentemente a mesma fórmula”. Mesmo com a repetição, da já mencionada, mesma fórmula, seu estilo conseguiu encantar gerações de novos leitores.

A verdade é que a determinação da relevância da obra literária vem de quem a ler, ou seja, do povo (leitor moderno). Talvez a falta de um conhecimento mais profundo sobre as obras clássicas; a mídia em torno dos novos escritores e o desinteresse, total ou parcial, dos leitores, sejam alguns fatores que contribuem para uma preferencia para aquilo que está na moda e não prima por histórias bem contatas. O que nos resta é respeitar as escolhas e torcer para que escritores como Júlio Verne, Machado De Assis, Shakespeare, Mark Twain, Goethe, Virginia Woolf, Graciliano Ramos e outros não sumam quando o livro de papel passar a ser peça de museu. 


Fonte: Profº Bruno Coriolano de Almeida Costa post no http://mochileiro-das-galaxias.blogspot.com/


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